quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Você tem medo de que?

pO medo é um sentimento que nos acompanha desde a infância. Temos medo de escuro, medo de bichinhos, de cachorros, lagartos, medo de piscina, medo de palhaço, papai noel, até da Cuca. Vamos crescendo e alguns medos se tornam bobos e engraçados ao serem relembrados. No entanto, estes medos vão embora e dão lugar a novos medos. O medo, até certo ponto, é essencial para a preservação da vida, afinal, se eu tenho medo de ser atropelado por um trem, isto me fará evitar andar em trilhos de trem. Mas, o medo também nos paraliza, nos confina a um estado que nos impede de receber as bençãos do futuro.

A pessoa que sente algum tipo de medo, na maioria das vezes, não consegue enxergar as coisas como elas realmente são. Quando criança, por muitas vezes, via sombras em minha janela e acreditava que eram monstros ou bandidos. Enquanto eu não parava para pensar e identificava que aquelas sombras eram, na verdade, as roupas balançando no varal, o medo continuava. Mas, nem sempre, conseguimos perceber que as sombras que nos assustam são apenas coisas bobas e inofensivas. O nosso olhar nos engana.

Por sua vez, nossa percepção é totalmente influenciada pelas coisas que vivemos no passado. Quando sofri um acidente de carro, sempre que estava em um carro, sentia que na próxima curva o carro desceria o barranco novamente. Medo! Claro que o carro não desceria novamente, mas só depois que a curva acabava é que eu tinha a certeza disto. Foi assim por um tempo. Depois, me acostumei novamente e as neuras acabaram.

Mas, alguns medos são mais sensíveis e até mesmo incompreensíveis, principalmente, quando envolve uma variável totalmente imprevisível chamada Ser Humano. Quando o nosso medo está baseado nas atitudes e decisões que outra pessoa pode ou não tomar, a coisa complica significativamente. Pois tudo influência na percepção que o indíviduo tem de si mesmo, das verdades que carrega consigo e do que ele espera do futuro. Desde o ambiente, passando pelas pessoas, até as experiências de relacionamento com estas pessoas e o modo como elas interferem na maneira de lidar com o mundo que o cerca. Por isto, temos este medo irracional de que a pessoa mude os planos da noite para o dia, e que, ao acordar, o que era certo está destruído.

Este tipo de medo, geralmente, é associado a um relacionamento amoroso (namoro, noivado, casamento, e outros), e ele tende a tomar proporções tão grandes quanto a importância daquele relacionamento para aquela pessoa. Se eu quero muito me casar com alguém, o fato dela conhecer novas pessoas em um novo ambiente, pode ser visto como uma ameaça extraordinária. Mas, existe uma cura para isto. Chama-se conversa, diálogo, reflexão.

Quando conversamos e vemos os nossos medos sob pontos de vistas diferentes daquele que transforma uma roupa no varal em um monstro, conseguimos enxergar a verdadeira proporção das coisas. Talvez, um monte de promessas e provas de que o monstro não é um monstro, não resolva. Mas, já é um remédio para esfriar o medo. Na conversa é possível saber qual é da outra pessoa, pelas pequenas atitudes podemos observar o que pode ou não acontecer, basta ser atento e conversar bastante. Quem tem o que esconder sempre revela-se nas entrelinhas, pode ser uma frase ou um olhar, mas a rocha que sustenta tudo ou o furacão que destrói, pode ser visto de longe em uma destas pequenas coisas.

Por fim, só acredito que só devemos ter medo do que não conhecemos. Ter medo do que conhecemos é desnecessário, temos apenas que respeitar a força do que tememos, mas sem deixar de encarar a fera nos olhos.