sábado, 1 de outubro de 2011

Deus e a Família

Há muito tempo atrás, há exatamente 10 anos, fui convidado a escrever uma redação com o título de "Deus e Família em Minha Vida". Na época, tinha 16 anos, muitos sonhos e planos, receios escondidos e orgulhos ostentados como se fossem troféus. 10 anos depois, fui convidado a refletir novamente sobre o mesmo assunto.

Uma coisa que pude perceber, é que, quando chegamos na fase adulta, temos o péssimo hábito de esquecer de ser filho. Na verdade, não é algo que nós rejeitamos voluntariamente, simplesmente acontece, às vezes, até mesmo por pressão dos nossos pais, e principalmente, por imposição da sociedade. Atualmente, aos 15 anos, já somos impulsionados a decidir todo nosso futuro profissional, somos pressionados a fazer cursinho pré-vestibular, escolher uma profissão, conseguir vagas nas melhores faculdades para conseguir os melhores salários, ser o primeiro em tudo, arranjar uma namorada (ou namorado), pensar no futuro, e por aí vai. Tudo isto, faz com que esqueçamos do principal que é ser filhos.

Ser filho é mais do que simplesmente ter pai e mãe, ser filho é se colocar na dependência de outra pessoa. Não só fisicamente, como espiritualmente. Partimos da verdade, que somos todos filhos de Deus, e quando dizemos isto, devemos agir como dependentes dEle. Não é apenas, dizer "Pai nosso que estais no céu" e querer ser dono do próprio destino. Na bíblia, temos a parábola do filho pródigo, que conta a história do filho que pegou sua parte da herança, caiu no mundo, e depois que tudo dá errado, volta arrependido para os braços do pai. Assim somos nós, quando queremos deixar de ser filhos, para fazermos nossas vontades, perdemos a proteção do pai. Por um tempo tudo é festa, diversão e maravilhas, mas, cedo ou tarde, a vida nos mostra que sempre seremos filhos. Então temos duas opções, voltamos para casa do Pai ou vivemos uma vida dura e amargurada.

Temos que, de fato, andar na contra-mão do mundo. Ignorar as vozes que nos direcionam para o impulso de deixar de ser filhos, e buscar sempre o abrigo da casa do Pai. Temos que nos colocar na dependência dos nossos pais e de Deus, e não ter vergonha de demonstrar este amor. É termos a oportunidade de abraçar nossos pais, ouvir seus conselhos com paciência, buscar a voz de Deus na fala destas pessoas que foram colocadas a serviço dEle para cuidar de nós aqui na Terra e, principalmente, não ser orgulhoso de pedir e liberar perdão para essas pessoas marivilhosas que, quando erram, fazem isto tentando acertar.

Amor é uma coisa... gratidão é outra.

Aprendi com o tempo, que quando se trata de amor, não existe fazer o certo ou errado. Não existe um sistema repleto de processos que causam este ou aquele efeito. O amor é imprevisível, para encontrá-lo você precisa ser levado por ele e não tentar conduzi-lo. Fazer algo para receber o amor de alguém, é totalmente dispensável, o amor é uma coisa, gratidão é outra.

Não são raras as vezes que escutei (ou disse): "Fiz tudo certo, agi da melhor maneira possível, tive sucesso em tudo que fiz, mas o amor me rejeita". Estas afirmações são típicas de pessoas que acreditam na meritrocácia, que fazem do amor uma fórmula matemática. Mas, repito, amor é uma coisa, gratidão é outra.

Felizes são aqueles que se entregam a outra pessoa com desprendimento e sem esperas por recompensas. Todos os demais, podem até encontrar a felicidade ao lado de outra pessoa. Mas, nunca o amor. Pois o amor não julga o bem e o mal, ele está acima destas questões. Ele apenas é o que é, não precisa de razões para existir.