Se eu tivesse que escolher entre amar e ser amado, escolheria amar. Não, não sou um romântico inveterado e tampouco sou fascinado com amores platônicos e outras baboseiras do tipo. Sou apenas uma pessoa que gosta das coisas mais simples. Para amar não é preciso fazer esforço algum. É uma coisa que vem de dentro e sai para ser dividido com outra pessoa. Ser amado implica em se importar com os sentimentos de outra pessoa.
Quando se ama, o único que pode sair ferido é você mesmo. Quando se é amado, muitas vezes, quem se machuca é o outro. Ser amado implica em se esforçar para ser perfeito e eu sou muito apegado aos meus defeitos. São coisas que preciso melhorar, mas prefiro deixar para depois. Ao contrário de Raul, prefiro ser eu mesmo a uma metamorfose ambulante.
O legal de só amar é que nos contentamos qualquer bobagem. Um sorriso sincero, um olhar indiscreto, um abraço mais demorado. Qualquer pequena coisa se torna enorme. Lembro de quando ainda era um pré-adolescente e descobri o amor (ou coisa parecida). Coração disparado, boca seca, mãos suadas, rubor inexplicável e uma boca mais rápida que o pensamento – o que foi testado e comprovado diante das inúmeras besteiras que falava e só depois pensava que deveria ter dito outra coisa. Quando descobri que era amado, foi pior. E nem foi tão cedo – eu era muito feio e esquisito – mas isto é um outro capítulo. Enfim, quando descobri que era amado, foi pior. Não para mim. Mas tinha a competência de fingir que não percebia isto a todo o momento. A garota ficou com tanta raiva que não ia demorar muito para sair no tapa comigo. De acordo com ela só eu sendo muito burro para não perceber que ela gostava de mim.
As vezes penso no ato de amar como uma escolha, não um sentimento. Mas quando a gente ama, não conseguimos fazer escolhas sensatas e então voltava a acreditar que não tinha esta coisa de escolher. Mas, quando a gente ama temos a opção de parar de amar. Quando a gente é amado não. As vezes é quase impossível deixar de ser amado. Desfilamos com outra pessoa, dizemos que odiamos, mandamos a pessoa sumir, tratamos mal, mas nada disso adianta. Todo esforço de deixar de ser amado é em vão. Afinal, quem ama sabe, que quanto mais difícil, mais se é tentado a amar e “dobrar” a outra pessoa.
Outra coisa. Quando a gente é amado demais, as coisas tendem a ficar entediantes. Não há mais conquista. Por isso prefiro amar. Quem ama sempre quer conquistar algo ou alguém. Essa idéia bonita de amar e ser amado que é o desejo mais óbvio de todos que crêem nessa coisa chamada amor, se torna o maior pesadelo de todos aqueles que o encontraram. Aqueles que não se entendiam com a situação ficam com medo de que ela acabe e nos dois casos a ansiedade consome o melhor que temos.
Por isso todo dia quando acordo e me olho no espelho me pergunto. Amar ou Ser Amado? Quando tenho amor pra dar me respondo amar. Quando preciso receber amor respondo ser amado. Mas na maioria dos dias, quase sempre, me vem a resposta mais óbvia: Amor? Que nada!
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