quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dona Mariquinha

Sabe quando você ama uma pessoa? Mas é amar mesmo? Não é uma paixão qualquer não. Amar, sabe? Então, é deste jeito. Não que eu esteja exagerando, para falar a verdade, eu sei que não estou fazendo nenhum exagero, mas é bom enfatizar que é amor mesmo, não um sentimento bobo qualquer.

Pois então. Uma vez eu ouvi, e não quis acreditar, que a gente nunca se casa com o grande amor de nossas vidas. Aquele amor arrebatador, que te joga na cama e te deixa com vontade de fazer nada o dia todo, e eu tô falando é de amor, não de dengue.

Pois então. Conheço gente que não acredita nisto e insiste em querer ser feliz para sempre com a pessoa que ela mais amou. Eu não, escolhi ser feliz para sempre com a pessoa que melhor amei. Não que o amor seja algo quantitativo para se dizer que ama mais ou menos alguém, mas a qualidade do amor, esta sim, pode ser medida.

Mas apesar destas besteiras de amar mais ou menos, pior ou melhor. A fulaninha foi lá e fez o que quis. Encontrou o primeiro que apareceu, chamou de meu amor, levou para casa e por lá ficou. Tipo aqueles homens das cavernas sabe? Com clava em uma mão e a mulher arrastada pelos cabelos na outra. Pois então. Foi deste jeito. Só que diferente. Diferente porque ela não precisou bater no coitado.

Coitado? É coitado. Não gosto de ter dó de homem, muitos deles nem isso merecem. Mas, deste eu tive. E tive muita. Não porque ele era bonzinho, mas é que ela era muito ruim. A endiabrada expirava maldade. O egoísmo e o cinismo eram tanto, que o pessoal dizia que onde ela pisava, nem margarida brotava. E olha que margarida dá em tudo quanto é lugar.

Mas, por falar em dar em tudo quanto é lugar, você tem que ver como que tá a filha do Seu Geraldo, ta numa sem-vergonhice de dá orgulho ao diabo mais velho do inferno. Dizem por aí que ela virou crente, crente da bunda quente isto sim. É um vestido mais curto que outro e cada dia que passa é um namorado novo, ou rolo, sei lá. O apelido da moça já ta virando Bahia, porque lá, plantando de tudo dá.

Voltando ao assunto, a fulaninha pegou e casou. Papel passado, vestido de noiva e com um 38 do lado, para caso o noivo resolvesse dar no pé. Mas bobo que era, nem se estivesse desalgemado e com as pernas desamarradas ele sairia correndo dali. Pois então, não tinha contado né? Ele teve que ir deste jeito pra igreja, casamento modesto, eu de testemunha, o padre de cúmplice, ela de seqüestradora e ele de vítima. Isto porque ela declarava aos quatro ventos que ele era o amor da vida dela, o homem que ela mais amou. Mas não sabe amar direito, assustou o rapaz e esperto que era quis se ver livre daquilo o quanto antes, só que não teve jeito, a diaba foi mais rápida e do jeito que ela o amarrou, ela levou.

Dizem por aí que hoje eles são felizes. Mas eu tenho minhas dúvidas. Porque o Seu Geraldo, o pai daquela outra, ouviu dizer e me contou que não se escuta conversa lá já faz três dias. Pode ter sido que ele não agüentou e se matou, ou então ela matou ele. Porque dizem as más línguas que a filha do Seu Geraldo andava dando trela pro marmanjo. Não que ele quisesse algo com ela, entre as duas, ainda era preferível a oficial. Esta, pelo menos, lhe seria fiel a vida inteira.

Se bem que até quem ama demais acaba sendo infiel. Não que este tipo de coisa me pertença, mas a infidelidade é algo inerente ao ser humano. Gosto da palavra inerente, faz a gente parecer inteligente e ouvi isto de um doutor que ficava ainda mais bonito quando falava isso, me dava uma quentura que cobria do dedão do pé ao último fio de cabelo. Que o meu marido não saiba disso, mas depois de 20 anos de casada, deixei de ser novidade, então acabaram os galanteios. Mas o doutor soube ver algo mim. Mas, eu não fiz nada. Se fosse a filha do Seu Geraldo, uma hora dessas estava com uma pensão gorda todo mês. Mas, dizem que traição é tudo aquilo que a gente faz e não pode contar para quem a gente ama. Não que soltar um pum e não falar seja traição, aí é vergonha. Mas sair para dançar com o doutor e ele nunca desconfiar de nada, isto é traição.

Mas traição mais feia foi a que vi outro dia. Assim em plena luz do dia. O filho da D. Maria, noivo a 2 anos da Carolina, tava no meio da praça aos beijos e abraços e adivinha com quem? Com a filha do Seu Geraldo. Aquela diaba em forma de mulher. Se a serpente teve filhos ela é sua predileta. Agora está lá. O filho da Dona Maria todo triste de um lado e a Carolina chorando litros todo dia. Por isto que existe o perdão. Mas é difícil perdoar, eu mesmo nunca perdoei o cretino do Antenor de ter me traído, mesmo sendo muito mais feliz sem ele.

O doutor também me disse que o rancor é um veneno que a gente toma esperando que a outra pessoa morra. Palavras bonitas desse danado, e é bem verdade também. Exemplo disto é o Olavinho, menino bom, mas tem muito rancor no peito. Só anda de cara fechada e querendo se mostrar melhor que os outros. Ele tem muito que aprender ainda. Pior é que se magoou a toa, por causa de uma confusão tão confusa e boba que prefiro nem contar. E não vou contar mesmo.

Depois a gente conversa mais, agora tenho que ir embora. Tenho uma consulta marcada com o Doutor, faço análise com ele tem seis meses e tenho melhorado bastante. Antes disto, eu era muito fofoqueira, adorava falar dos outros. Agora não, só falo sobre coisas e idéias. Sou quase uma filósofa. Por isso gosto do amor. Pois então, por falar em amor, você não tem idéia do que eu soube da Jaqueline, bom, mas isto eu conto depois.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Poema Sem Nome XXI

Não gosto muito de sutilezas
Sempre gostei muito mais das certezas
A certeza de ser amado
A certeza de ser odiado
A certeza de dar amor
A certeza de receber a dor

Não gosto das coisas incertas
de jogos que se encaixam como peças
Não gosto das coisas elaboradas
prefiro quando tudo vem de forma simplificada

Prefiro não pensar nos planos
Aprendi isto com o passar dos anos
O amor que reside no coração
Vira outra coisa
apenas uma rápida paixão

Fogo de palha que se apaga rápido
Dor que nos dilacera e nos consomem como um rapto
Rouba o sorriso, mata a flor tão bela
e rápido como o vento, tudo leva.
Nada sobra.

Por isso gosto das coisas certas
Preto no branco, assinado e registrado
Coisa simples, coisa boba
Sem muita festa, oba-oba.
Sabe como é neh!?

Tudo dura o tempo certo, já dizia o poeta.
Tudo vem quando tem que vir, já dizia o profeta.
Prefiro não acreditar em nenhum dos dois.
Meu destino sou eu que faço, as supertições eu deixo para depois.

As vezes sou puro impulso
Pensamento rápido e força no pulso
Violência gratuita e fria?
Não, mas até que preferia.
Amar com rompantes de fúria?
Isso não me contagia.
Mesmo tendo contagiado um dia.

Por isso prefiro quando sou calmo.
Pensativo e reflexivo.
Pensando no futuro e refletindo minhas escolhas.
As vezes sou rio manso.
Me alegro e tudo que quero eu alcanço.

Mesmo que devagar
vivo minha vida.
Sem pressa de ganhar
sabe-se lá o que
sabe-se lá de quem

Desafios eu tenho muitos.
Mas encaro-os de frente
Mesmo que apareçam de repente.
E que venham mais batalhas.
Mas com uma única condição.
Não venham sutis como a maré baixa.
Venham objetivas como um trovão.
Não que eu me gabe das grandes vitórias.
Mas prefiro perder sabendo pra quem.
Do que ganhar a luta que não lutei.

Traduzindo o momento

"Tenho aprendido com o tempo que a felicidade vibra na freqüência das coisas mais simples. Que o que amacia a vida, acende o riso, convida a alma pra brincar, são essas imensas coisas pequeninas bordadas com fios de luz no tecido áspero do cotidiano. Como o toque bom do sol quando pousa na pele. A solidão que é encontro. O café da manhã com pão quentinho e sonho compartilhado. A lua quando o olhar é grande. A doçura contente de um cafuné sem pressa. O trabalho que nos erotiza. Os instantes em que repousamos os olhos em olhos amados. O poema que parece que fomos nós que escrevemos. A força da areia molhada sob os pés descalços. O sono relaxado que põe tudo pra dormir. A presença da intimidade legítima. A música que nos faz subir de oitava. A delicadeza desenhada de improviso. O banho bom que reinventa o corpo. O cheiro de terra. O cheiro de chuva. O cheiro do tempero do feijão da infância. O cheiro de quem se gosta. O acorde daquela risada que acorda tudo na gente. Essas coisas. Outras coisas. Todas, simples assim."

Ana Jácomo

terça-feira, 23 de novembro de 2010

E acabou...

As coisas andam meio difíceis
Mas não sei quem foi que escolheu
Se foi você ou se fui eu

As coisas já não são como antes
Mas tudo acabou tão tarde
Sem dramas ou alardes

Era tudo questão de tempo
Até achar um grande culpado
Para uma situação tão ruim e tão normal
De um amor tão finito e tão igual

Tudo foi tão bonito e limpo
Sem jogo sujo ou traição
Só porque não adianta tentar iludir
ou enganar um coração

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Engraçado...

Engraçado como as vezes a gente se contenta com pouco.

As vezes esperamos ser o mundo de alguém e parodoxamente nos contentamos em ser como um grão de areia ou uma gota no oceano. Engraçado isto.
Não que seja engraçado a ponto de ser cômico, mas engraçado no sentido da estranhesa da coisa. É como se comprássemos uma roupa nova e levássemos uma usada e rasgada para casa, e ainda assim ficasse maravilhado com a nova aquisição.
Engraçado é ver isto acontecer com outras pessoas e acharmos um absurdo e, quando acontece com a gente ser normal e até mesmo justificável.
Justificamos de várias formas, inventamos desculpas que nem mesmo a outra pessoa se preocupou em inventar, criamos histórias com os elementos que mais nos agradam. A ligação que nunca aconteceu, a mensagem que nunca chegou e o e-mail não respondido são vistos apenas como falta de sorte, nunca como falta de amor.
Engraçado se contentar com isso. Engraçado nos apegarmos tanto a uma pessoa a ponto de ficarmos cegos para todo o resto. Não vemos o amor dos amigos, não vemos os momentos felizes e tampouco sentimos o amor que vem de pessoas que nem esperamos.
Engraçado é ver como nos sabotamos. Começamos a esconder o sorriso, a risada e até aquela gargalhada gostosa de fazer doer a barriga e a garganta, tudo em nome do sofrimento que carregamos pelo amor não correspondido. Começamos a ver a felicidade dos pequenos momentos como um inimigo cruel da nossa tristeza, não queremos nos esquecer do amor não correspondido. Se esquecermos tudo que sofremos antes fica parecendo ter sido em vão. Queremos o final feliz de toda história de amor e abrir mão do sofrimento é abrir mão do futuro promissor dos contos de fadas.
Engraçado ouvir as pessoas dizerem as verdades que já conhecemos e, no entanto, nos surpreendermos com isto.
Engraçado se contentar com o sorriso mesmo que falso.
Engraçado se contentar com 3 linhas de um e-mail respondido.
Engraçado se contentar em ser raramente lembrado pela pessoa que domina nossos pensamentos.
Engraçado se contentar em ver a vida acontecer enquanto fazemos planos irrealizáveis.
Engraçado se contentar apenas com as boas lembranças do que foi vivido.
Engraçado se esquecer do que importa e não esquecer quem nos despreza.
Engraçado, deste jeito. Um engraçado estranho, que aprendemos a rir dele por ser totalmente desajustado e contrário as coisas que nos fazem rir de verdade.
Engraçado, porém trágico.
Trágico, porém indiferente para quem ama um sonho.
Por fim, rídiculo por eu ainda agir assim, por nunca ter esquecido, alguém que já não se lembra mais de mim.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Até que a morte os separe

Todo mundo diz que quer um amor pra vida toda. Eu não. Já quis, não quero mais. Amores são legais. Mas esta história de “até que a morte os separe”, isto me assusta. Não que eu preferisse ser solteiro a vida toda, mas até a morte é tempo demais para se amar uma pessoa. As vezes prefiro não amar por alguns dias, afastar e ver se, realmente, tudo é tão bom quanto parece.

Não acredito em sentimentos, amor e ódio, essa dicotomia que nos foi empurrada por novelas, filmes, livros e “malhação”. Um relacionamento não é apenas gostar e não gostar, não é apenas dizer “eu te amo” ou “suma da minha vida”, o relacionamento de verdade é o que acontece no intervalo destas duas frases. É o que se vive entre a paixão e a desilusão.

Amar sempre desgasta a relação, fica tudo muito doce, muito fácil. Tem hora que amar menos e ser menos amado deixam tudo mais gostoso. Mas, é claro, tudo na dose certa, afinal, ninguém quer ser capacho de outra pessoa, exceto aquelas que amam demais e aceitam tudo que vem do outro – neste caso, até comentários depreciativos e agressões (morais, verbais ou físicas) se tornam elogios acompanhados de rosas e chocolates.

-- x --

E eu acabo de ter que parar para de escrever para fazer outras coisas pela terceira vez consecutiva e perdi totalmente a concentração.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Para todas as coisas

Vaso partido
se arruma com cola
Texto mal redigido
se corrigi com corretivo

Para palavras desconhecidas
se usa o dicionário
Para espantar visitas
vassoura atrás da porta

Mas, e para o desamor?
Se usa o que?
Uma conselho, por favor!

Um pequeno, que seja
desde que me dê a paz
que meu coração deseja

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Coisa boba

Coisa boba é dizer que não ama
é dizer que fraco é quem declama
poesias, poemas, sonetos e cantos

Coisa boba é dizer que o amor não existe
é dizer que o que importa é a razão
e não dar ouvidos a nada que venha do coração

Coisa boba é ser duro o tempo todo
é dizer que nada o toca ou emociona
e rir de quem sente como se este foste tolo

Coisa boba é brincar de ser mal-amado
Se notar excluído, e dizer que pelo amor foi injustiçado
quando na verdade, não é bem este o quadro

Coisa boba é bancar o bobo
Indefeso e frágil diante do mundo
e dos pássaros, se condiderar o triste e amargurado corvo

Coisa boba é agir assim
Sem ter onde e com quem ir
Mesmo dizendo que basta-se para si

Coisa boba é relatar estes fatos
sobre alguém que ri de mim naquele retrato.
Que insiste em me lembrar dos meus maus dias
dos dias em que alegria se confundia com apatia
e saudade com dor imensa

Coisa boba é me olhar
escrevendo frases tão frias
sobre lembranças tão vazias

Coisa boba é se importar
com tudo que não volta mais
e que eu teimo em desejar

Coisa boba? Tanto faz!
Melhor ser uma pessoa desacreditada
e quando me perguntarem: E o amor?
Eu apenas vou responder: Amor? Que Nada!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Poema Sem Nome XXI

Deito-me e vejo seus belos olhos
Lembro com saudades de algo que não volta mais
Me entristeço pela falta que ainda me faz
Me desobedeço e volta a pensar em nós

Olho para o teto, o sono não vem
O arrependimento chega antes
E me desligo de mim por instantes
Depois é só silêncio

Fecho os olhos, grande erro
Vejo seu rosto e sinto o seu cheiro
Abro os olhos, vem a decepção
E aceito que era só uma ilusão

Sinto frio, vou fechar a janela e vejo a lua
Sinto o cheiro da dama da noite
E volto a ouvir você:
”Te amo e serei sempre sua”

Volto a deitar, penso em te ligar
Mas não tenho mais o numero do seu celular
Me contento em ler a ultima mensagem q me mandou
Que guardo com carinho desde que tudo acabou

Sentimentos tolos, que bagunçam o coração
Sentimentos pesados, que a tanto tempo carrego
Sentimentos puros, e que nunca nego

Penso no seu olhar
No toque de seus dedos
No toque de seus lábios
E no jeito de falar
Apenas distrações para tudo que tenho que aceitar

Não há mais amor
Não há mais dor
Somente saudades
Saudades imensas que não cabem no peito
Por isso apenas escrevo

Sem intenção que me ame
Sem intenção de que volte
Sem intenção que responda

Apenas uma declaração
Desabafo platônico
De quem não te tira da cabeça
E tampouco do coração

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O que você vai ser?

Seja amor
Seja dor
Seja ardor
Seja flor

Seja calma
Seja paciente
Seja feliz
Seja inteligente

Seja obediente
Seja mandona
Seja dura
Seja mansa

Seja sol
Seja lua
Seja você
Seja sua

Seja rima
Seja prosa
Seja grande
Seja rosa

Seja assim
simples assim
Fácil assim

porque no fim
não me importa
o que você escolher ser
Só quero estar com você
e poder te ver crescer

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Auto Entrevista

Uma sensação estranha:
Ter um coração dividido em dois
Um plano fácil:
Deixar para decidir depois

Uma solução óbvia:
Abrir mão do que for incerto
Um desejo não atendido:
Estar longe quando queria estar perto

Um desejo secreto:
Arriscar, mesmo que perca
Ou ganhar mesmo que não mereça

Uma declaração final:
Se não fosse agora
O amor seria natural.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quem inventou o amor?

Quem inventou o amor
Não imaginava no que estava por vir
Provavelmente foi alguém
Que por estar entediado, queria motivo pra sorrir

Este alguém, pessoa totalmente sem nexo
Pegou uma coisa tão descomplicada
E transformou em algo tão complexo
Fazendo destes jogos, uma grande cilada

Pior não foi quem inventou
Pior foi o que ouviu e acreditou
E ao sons de flautas e clarins se apaixonou

Agora, tenho a árdua missão
De explicar pra esta gente toda
Que a verdadeira felicidade está longe de ser uma paixão

terça-feira, 27 de julho de 2010

Oscar Wilde me fez pensar

Oscar Wilde, poeta e escritor, famoso pelo livro o "Retrato de Dorian Gray", certa vez, escreveu a seguinte frase: "Um homem pode ser feliz com qualquer mulher enquanto não a ame". Quando a li pela primeira vez, o considerei apenas um amargurado por ter sido amado e não correspondido - o que de fato aconteceu. Mas, como minha cabeça é repleta de ecos e reverberações, a frase ficou lá, vagueando de um lado pro outro, e numa dessas ela cutucou a parte que me diz que, no fundo, tudo faz sentido. E faz mesmo.

O maior problema de se amar uma mulher não é não ser correspondido, muito pelo contrário, ser correspondido no amor tem se mostrado apenas (in)felizes coincidências entre desejos e oportunidades.Então, se o problema não é este, qual seria? Simples. A capacidade que a mulher tem de tomar um pedaço de nós quando amamos. Sim, as vezes acredito nessa coisinha chamada amor, apesar dele ser muito mentiroso. Mas que problema há em entregar um pouco de nós para quem amamos? Eu respondo novamente: TODOS!

Quando entregamos algo a quem amamos entregamos o melhor que temos. Você não daria um par de meias pro seu pai no aniversário de 50 anos dele, nem tampouco, um avental pra sua mãe na bodas de casamento, não é mesmo? Damos os presentes mais caros e mais significativos. E quando a pessoa espera "provas de amor" damos o melhor que temos. Entregamos de bandeija a nossa maior felicidade, os nossos melhores momentos, o melhor sorriso, o melhor colo, o melhor carinho e o que dói mais, entregamos parte da tão desejada paz.

Não consiguimos ficar em paz quando amamos. O zêlo com o outro não nos permite descansar. Preocupamos com seus problemas e suas atitudes que podem acarretar em consequencias graves. E por que não dizer que o ato egoísta de resolver o problema do outro para ter descanso, não é uma forma de entregar o melhor que temos? Quando ao invés de amar agarramos as possibilidades de um futuro bom com alguém que nos faz bem, tudo é mais fácil. As coisas duram o tempo certo. Não há dor e nem sofrimento. E se o outro quiser se acabar, que se acabe. Se o outro quiser morrer, que morra. Não há o comprometimento do amor eterno, de partilhar todos os momentos, bons e ruins. Você divide o que quer e quando quer, e aceita tais divisões da mesma forma: o que quiser e quando quiser.

Sobretudo, não há as decepções. Não nos decepcionamos quando não temos expectativas, e não temos expectativas quando desejamos muito alguma coisa. E quando se ama, o que mais desejamos é que a pessoa seja infalível, ou que, pelo menos, falhe naquilo que não nos incomode tanto. Mas não dou esta sorte, nunca dei. Já vi este sentimento nascer e morrer dentro de mim mais do que eclipses solar. A até o mais intenso e forte deles, pereceram diante de uma decepção.

Por isso, as vezes, descobrir o amor em quem nos ama pode ser uma grande armadilha e sou induzido a acreditar em O. Wilde: "Um homem pode ser feliz com qualquer mulher enquanto não a ame".

--- x ---

Em tempo, outra frase atribuida a O. Wilde: "Existem dois tipos de mulheres. As feias e as que se pintam" Devo concordar com isto também?

Protestos em...
5, 4, 3, 2, 1..

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Escritos Esparsos

Hoje é dia de exposição do livro "Escritos Esparsos" no Real E. Clube, aqui em João Monlevade. Os livros serão vendidos com desconto de 30% de hoje até sexta-feira.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Amor não é isso - II

Amor não é aquilo que te deixa de cama, ardendo em febre e sentindo calafrios. Isto se chama dengue. Amor é outra coisa.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um Dia o Amor Acaba

Um dia o amor acaba. Depois disto, o que resta? Um dia o amor acaba e eu não sei onde a chama se extinguirá primeiro, se é em mim ou se é em você. No momento, não sei qual das duas hipóteses seria pior.

Por um lado, posso sair como a vítima da história toda, o injustiçado, aquele que fez de um tudo um muito para que desse certo e, no entanto, foi recompensado com todo desprezo que poderia existir em seu coração.

Por outro lado, posso ser o vilão, aquele que, apesar de tudo, um dia vai acordar e não vai querer saber do amor, dos momentos a dois e vai mandar tudo pro ar, dizimando toda alegria que um dia seu sorriso carregou.

Pode ser que o amor não dure, e tornemo-nos somente bons amigos. Pode ser que numa experiência mágica decidamos ao mesmo tempo que não nos amamos e que tudo o que passamos foi bom, mas já não servia mais. Que o nosso caso foi só mais um e nos faremos acreditar que há alguém muito especial à nossa espera, em algum lugar.

Pode ser que, mesmo que seja assim, a dúvida bata em nossos corações e nós voltaremos, talvez por egoísmo, talvez por querer ter só para saber que se tem e assim manteremos por perto as lembranças.

Pode ser que o amor ainda dure, mas as divergências e os empecilhos que a vida impõe sejam mais fortes e desta forma tudo acabe. Nos veremos na rua, os olhares se cruzarão, o coração irá bater mais forte e descompassado, iremos ensaiar um sorriso, um aceno, abaixaremos a cabeça e pensaremos “por que teve que ser assim?”

Pode ser ainda que ele não dure e nem se acabe, apenas se transforme em outra coisa, em respeito, em amizade, em companheirismo. Coisas muito bacanas de curtir, mas apenas com uma certa idade. O que é um namoro sem sentir aquele friozinho na barriga?

Pode ser que o amor dure para sempre e vivamos uma vida perfeita, sem brigas, discussões, preocupações e de forma que tudo pareça o “felizes para sempre” de todas os contos de fadas que já foram contados.

Pode ser também que nada disso aconteça, ou que tudo isso aconteça ao mesmo tempo. O amor não tem lógica e não serve para ser pensado. Então para que pensar na melhor forma de amar? Para que pensar se um dia ele acabará? Melhor é viver o que a vida oferece para ser vivido. Melhor é deixar os pensamentos para as coisas que foram feitas para serem pensadas e simplesmente viver o presente.

Pode ser que um dia o amor acabe ou talvez não, isto é incerto e faz parte da vida. Mas estas dúvidas só são respondidas quando nos colocamos em movimento. Sendo assim, simplesmente vamos amar. Pode ser que um dia acabe, mas se abrirmos mão de nossos amores, pode ser que nunca vivamos.

--- x ---

Estes e outros textos você encontra no livro Escritos Esparsos. Para adquirir basta enviar um e-mail para raphael.godoy@yahoo.com.br. Logo após você recebe os números das contas para depósito, aí é só depositar e enviar o comprovante para e-mail. O valor do livro é R$15,00 e o frete é apenas R$5,00 para qualquer lugar do Brasil.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Amor, uma mera distração

Se o amor não é para sempre
Se tudo na vida se resolve de repente
Se pra toda desilusão há o perdão
e pra todo recomeço existe a paixão
Para que se preocupar em ter razão?

Ser contestado sobre a descrença no amor
é apenas uma consequencia de ser quem eu sou
Não que eu acredite que o amor não exista
Apenas creio que ele é para quem persista
na vaga idéia de que todo relacionamente é simplista

Mas de tudo que é mais complexo
o que mais me intriga é o relacionamento
Juras de amor sem nexo
E a felicidade passa a ser apenas complemento
O que importa é estar com quem se ama
Mesmo que doa como uma ferida que inflama

Planos feitos a dois que atendem a desejo de um
Sonhos abdicados em nome do ouro
Vida seca, vazia e sem sentido
E após tudo, alguém sempre sai arrependido

Por isso prefiro não acreditar no amor
Que parece ser feito de cristal
Que aos olhos de tantos é algo tão trivial

Prefiro acreditar nos desejos mútuos
Na sensação de segurança em ter em quem confiar
Em alguém para construir algo junto
Tendo isso? Para que amar?

Amor? Que nada! Prefiro ser feliz
Em ter alguém que sempre quis
Sem abrir mão de ser quem eu sou
Sabendo sempre para onde vou
Sem acreditar em ilusões ou distrações

Pois ser feliz é mais fácil que se imagina
e menos trabalhoso do que parece ser
Basta não viver como quem vive um conto de fadas
e aproveitar bem as oportunidades que a vida oferecer
Todo resto não tem importancia
são apenas estórias que ouvimos na infância

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Amor não é isso - I

Amor não é aquilo que te prende em casa e te deixa em pedaços. Isso é o Bruno, goleiro do flamengo. Amor é outra coisa.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Amor a três

O amor romântico é feito a dois
Deixa todo o sexo para depois
Começa na juventude
E na maturidade se encontra a plenitude

O amor moderno é feito a três
Privilegia, de cara, a nudez
Se desfaz do silêncio e da conversa
E termina pouco depois que começa

Amor a dois eu já experimentei
Um monte de vezes que nem contei
Mas invariavelmente me decepcionei

Agora, desta vez, eu quero amor a três
Amando alguém agora
E a outra na espera por sua vez

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Amar ou ser amado?

Se eu tivesse que escolher entre amar e ser amado, escolheria amar. Não, não sou um romântico inveterado e tampouco sou fascinado com amores platônicos e outras baboseiras do tipo. Sou apenas uma pessoa que gosta das coisas mais simples. Para amar não é preciso fazer esforço algum. É uma coisa que vem de dentro e sai para ser dividido com outra pessoa. Ser amado implica em se importar com os sentimentos de outra pessoa.

Quando se ama, o único que pode sair ferido é você mesmo. Quando se é amado, muitas vezes, quem se machuca é o outro. Ser amado implica em se esforçar para ser perfeito e eu sou muito apegado aos meus defeitos. São coisas que preciso melhorar, mas prefiro deixar para depois. Ao contrário de Raul, prefiro ser eu mesmo a uma metamorfose ambulante.

O legal de só amar é que nos contentamos qualquer bobagem. Um sorriso sincero, um olhar indiscreto, um abraço mais demorado. Qualquer pequena coisa se torna enorme. Lembro de quando ainda era um pré-adolescente e descobri o amor (ou coisa parecida). Coração disparado, boca seca, mãos suadas, rubor inexplicável e uma boca mais rápida que o pensamento – o que foi testado e comprovado diante das inúmeras besteiras que falava e só depois pensava que deveria ter dito outra coisa. Quando descobri que era amado, foi pior. E nem foi tão cedo – eu era muito feio e esquisito – mas isto é um outro capítulo. Enfim, quando descobri que era amado, foi pior. Não para mim. Mas tinha a competência de fingir que não percebia isto a todo o momento. A garota ficou com tanta raiva que não ia demorar muito para sair no tapa comigo. De acordo com ela só eu sendo muito burro para não perceber que ela gostava de mim.

As vezes penso no ato de amar como uma escolha, não um sentimento. Mas quando a gente ama, não conseguimos fazer escolhas sensatas e então voltava a acreditar que não tinha esta coisa de escolher. Mas, quando a gente ama temos a opção de parar de amar. Quando a gente é amado não. As vezes é quase impossível deixar de ser amado. Desfilamos com outra pessoa, dizemos que odiamos, mandamos a pessoa sumir, tratamos mal, mas nada disso adianta. Todo esforço de deixar de ser amado é em vão. Afinal, quem ama sabe, que quanto mais difícil, mais se é tentado a amar e “dobrar” a outra pessoa.

Outra coisa. Quando a gente é amado demais, as coisas tendem a ficar entediantes. Não há mais conquista. Por isso prefiro amar. Quem ama sempre quer conquistar algo ou alguém. Essa idéia bonita de amar e ser amado que é o desejo mais óbvio de todos que crêem nessa coisa chamada amor, se torna o maior pesadelo de todos aqueles que o encontraram. Aqueles que não se entendiam com a situação ficam com medo de que ela acabe e nos dois casos a ansiedade consome o melhor que temos.

Por isso todo dia quando acordo e me olho no espelho me pergunto. Amar ou Ser Amado? Quando tenho amor pra dar me respondo amar. Quando preciso receber amor respondo ser amado. Mas na maioria dos dias, quase sempre, me vem a resposta mais óbvia: Amor? Que nada!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Amor? Que Nada!

Amor? Que Nada! O que existe são estórias e histórias.

As belas estórias de amor terminam bem.
As reais histórias de amor, nem sempre.
As belas estórias de amor tem mocinhos e vilões.
As reais histórias de amor tem apenas vítimas.
As belas estórias de amor são verdadeiras.
As reais histórias de amor nem tanto.
As belas estórias de amor são contadas em livros.
As reais histórias de amor em ombros enchardos de lágrimas.
As belas estórias de amor começam por acaso.
As reais histórias de amor por vontade.
As belas estórias de amor são imaginadas.
As reais histórias de amor planejadas.
As belas estórias de amor são desejadas.
As reais histórias de amor invejadas.
As belas estórias de amor tem romance.
As reais histórias de amor tem química.
As belas estórias de amor falam de amor.
As reais histórias de amor reinventam o amor.

Amor? Que nada! O que existe são frases bem feitas.

Frases bem feitas para dizer que ama.
Frases bem feitas para dizer que odeia.
Frases bem feitas para provocar indiferença.
Frases bem feitas para fazer brilhas os olhos.
Frases bem feitas para esquecer alguém.
Frases bem feitas para se tornar inesquecível.
Frases bem feitas para prender.
Frases bem feitas para libertar.
Frases bem feitas para permanecer apaixonado.
Frases bem feitas para saber se o amor é real.
Frases bem feitas para mentir.
Frases bem feitas para ser sincero.
Frases bem feitas para dizer o que não se sente.
Frases bem feitas para convencer o sentimento alheio.
Frases bem feitas para deixar saudades.
Frases bem feitas para dizer que é amor.

Amor? Que Nada! O que existe são gestos.

Gestos de carinho.
Gestos de bondade.
Gestos de cuidado.
Gestos de repúdia.
Gestos de paixão.
Gestps de tesão.
Gestos de sim.
Gestos de não.
Gestos de fique.
Gestos de vá.
Gestos espontâneos.
Gestos bem pensados.
Gestos que provam o amor.

Amor? Que Nada. O que existe são fugas.


Fuga da verdade.
Fuga da solidão.
Fuga do desprezo.
Fuga do esquecimento.
Fuga de si mesmo.
Fuga do mundo.
Fuga dos problemas.
Fuga da realidade.
Fuga das mentiras.
Fuga do silêncio.
Fuga um antigo amor.

Amor? Que Nada! O que existe é a aceitação.

Ser aceito pelo que se tem.
Ser aceito pelo que se é.
Ser aceito pelo que diz.
Ser aceito pelo que mostra.
Ser aceito apesar dos medos.
Ser aceito apesar de só.
Ser aceito apesar das mentiras.
Ser aceito apesar dos defeitos.
Ser aceito mesmo que não haja nada.
Ser aceito mesmo que o mundo rejeite.
Ser aceito mesmo que não haja amor.

Amor? Que Nada!